1. Génese e carácter fundamental Santuário é na espiritualidade do Movimento de Schoenstatt a designação corrente, primeiro para a Capela original da Congregação (Santuário Original), mais tarde também para os assim chamados Santuários Filiais, as cópias originais da Capela de Graças no lugar Schoenstatt. Neste uso da palavra manifesta-se a convicção de que Maria, Mãe de Deus, aceitou o pedido da Aliança original para estabelecer sua morada espiritual na Capela da Congregação e realizar milagres de graça (>>Atas de Fundação; >>Schoenstatt, História). A singularidade do Santuário de Schoenstatt está determinada especialmente pelo seu cunho essencial como local da Aliança e pela experiência espiritual resultante da Aliança de Amor. Esta anda unida, não só com o Santuário em sentido estrito, mas também com o seu espaço, Lugar Santo, como Lugar de Peregrinação, com as Casas que no decorrer do tempo se foram construindo e as Casas Centrais de cada uma das Comunidades. Algo análogo se passa com os Centros de Schoenstatt e seus Santuários em todos os Países e Dioceses. O Santuário Original foi reconhecido pela Igreja em 1947 como lugar de Peregrinação, no sentido de que aí os peregrinos possam lucrar também as mesmas indulgências de outros lugares. No Movimento de Schoenstatt mantém-se viva a fé de que o Santuário Original tem a ele anexas graças de Peregrinação: sobretudo a graça do acolhimento, da transformação espiritual e da fecundidade apostólica. 2. Espiritualidade O Santuário é o centro espiritual das aspirações religioso-apostólicas do Movimento de Schoenstatt; a vida no Santuário é uma concretização original da vida de relação com Deus. O Ofício de Schoenstatt (>>Rumo ao Céu), ao unir o Santuário aos Lugares Santos da vida histórica de Cristo e de Maria (Nazaré, Belém, Tabor, Betânia, Gólgota, Sião-Jerusalém
), propõe atualizar no Santuário de Schoenstatt os acontecimentos salvíficos, que aí encontramos, e implorar a graça de interiorizar estas experiências salvíficas no caminho pessoal de fé. A espiritualidade do Movimento de Schoenstatt faz menção de um organismo de Santuários e, deste modo, indica a conexão viva entre o Santuário Original, como lugar principal de graças, Santuários Filiais e >>Santuários-Lares, que participam na corrente de bênçãos do lugar original de graças, e o >>Santuário-Coração, para o qual, a bem dizer, se orienta toda a espiritualidade do Santuário da Nova Aliança: o homem habitado e santificado pelo próprio Deus; a Igreja viva, a Casa de pedras vivas. A vinculação ao Lugar Santo tem de estar ao serviço do abrigo natural-sobrenatural dos fiéis e, através da sua densa atmosfera religiosa, contribuir para que, no meio duma cultura secularizada, aí encontrem pontos de contacto com o mundo religioso. 3. Reflexão Pela sua ligação com a origem histórica da experiência do Movimento de Schoenstatt, parece ser um Santuário especialíssimo: por um lado, separado da realidade profana; une-o totalmente com o fenómeno sagrado dos Lugares Santos. Por outro lado, ele deve a sua origem a uma experiência de graça habitual, para cuja imitação as pessoas são abertamente convidadas, selando uma Aliança de Amor com Maria como (renovada) entrada num aprofundamento religioso. Este seu cunho de Lugar de Aliança novamente o distingue dos lugares de fenómenos religiosos extraordinários, que recebem a sua sacralidade dos milagres, das profecias ou das aparições aí realizadas. Em suma, ele não faz parte dos fenómenos sagrados manifestamente epifânicos. Por conseguinte, a espiritualidade do Movimento de Schoenstatt no seu todo também não conhece nenhuma incompatibilidade entre a vinculação a um tal Lugar Santo, uma piedade das causas segundas e conhecimento do mundo pela fé. Ainda está por fazer uma tipologia mais exacta do fenómeno religioso do Santuário de Schoenstatt. O Padre Kentenich na sua reflexão sobre a importância do Santuário como Lugar Santo para além dos contextos teológicos imediatos aponta sobretudo numa dupla direção: 3.1. Recorre frequentemente aos dados da história e da sociologia da Religião para esclarecer a importância e dinamismo próprio dos Centros religiosos (Lei dos casos preclaros, locais e pessoais): Meca, Athos, Santuários marianos em geral, a beneditina vinculação local. 3.2. A vinculação a um Lugar Santo é parte do seu conceito, daquilo a que ele chama paralelismo do assim denominado >>organismo natural e sobrenatural de vinculações e da sua importância face às imensas transformações da Religião e da Cultura. Lit.: 1 AF 1914; 2 AF 1939; TxtSchö, 46 segs. 79 segs; BT 1952 II, pág. 119 segs.; LS 1952. E. Monnerjahn, Die ikonologische Botschaft des Schoenstattheiligtums. Versuch einer Zusammenschau und Deutung, Regnum 11 (1976), 60-70; B. Pereira, Der heilige Ort, Regnum 2 (1967), 166-172; 3 (1968), 10-16. 60-68. O.F.Bollnow, Mensch und Raum, Belin-Köln-Mainz 31976; F. Heiler, Erscheinungsformen und Wesen der Religion, Stuttgart 1961, 128 segs. Lothar Penners. Trad.: M Ribeiro Alves |